sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Uma mulher irresistível


 
Por Thomas Schlaraffenland
 
 
 
Faz mais de quatro séculos que o número de pessoas atraídas por essa mulher não pára de aumentar. Qual será o segredo de Teresa para consquistar tantos admiradores? Como ela consegue ser assim tão irresistível?
 
 
 
Ninguém escapa à sedução da Madre Teresa de Jesus. Confessa-o Marcelle Auclair, escritora de renome, editora de Elle, membro da Academia Francesa: “Escrevi esta vida de Teresa de Ávila porque... não resisti”.

Qual o segredo dessa freira de clausura de há quatro séculos (1515-1582), vestida de tosco pano marrom da raiz dos cabelos aos pés descalços, mas que vem conquistando, século após século, um número cada vez maior de entusiastas e admiradores?

Teresa de Ahumada y Cepeda não deslumbrou somente, aos quinze anos, com a sua elegância e graça juvenis, a melhor sociedade da cidade de Ávila. “Reconvertida” aos 38 ou 39 anos, pode-se dizer que encantou o próprio Deus... e se viu metida por Ele no epicentro de um terremoto de dimensões universais!

Tudo começou com o sonho de criar um “cantinho sossegado” em que ela e mais umas poucas freiras pudessem viver a regra da ordem carmelita na sua primitiva austeridade. Quantos empecilhos contornados com sagaz realismo e fé sobrenatural, quantos falatórios pacientemente suportados, quantas más vontades conquistadas à força de sabedoria e amabilidade, até ver tornado realidade o seu “pequeno mosteiro remeloso” de São José!

Mas sopravam os ventos da reforma na Igreja católica, e em breve Teresa de Jesus se veria transformada em Madre Fundadora, lançada em pleno turbilhão das fundações. Lá se foi, chocalhando pelas péssimas estradas do seu tempo, em carroções cobertos por um toldo de pano, de grandes rodas de madeira, exposta a enchentes e extravios, ora dormindo sobre palha em abrigos ao deus-dará, ora ocupando os seus conventos no meio da noite – por causa da oposição dos vizinhos –, ora instalando-os em casas mais do que maduras para a demolição, entre mil autorizações a pedir, negociações a levar a termo, invejas espinhosas e desconfianças sem conta; e tudo “sin blanca”, sem um único centavo no bolso. Em quinze anos, foram brotando um a um, sob as pegadas das suas sandálias de descalça, nada menos do que dezessete conventos femininos e quinze masculinos de carmelitas reformados, que exerceriam uma influência incalculável ao longo dos séculos vindouros.


DOUTORA

Serena como um monólito de granito no meio do mar sublevado, e apesar das suas graves doenças e indisposições, a Madre ainda conseguiu tempo para redigir a suaVida, o Castelo interioras Fundações e tantas outras obras que lhe valeriam o título de Doutora da Igreja.

Vale a pena conhecer uma mulher assim. Ainda mais, quando a sua vida é descrita por uma contadora ágil, que sabe contrastar a biografada com o pano de fundo do seu tempo e rodeá-la de personagens que nos surgem vivos e palpitantes através da letra impressa. É uma vida que se lê como um romance de aventuras, como esses romances de cavalaria que a jovem Teresa gostava de ler. Quando a leitora ou o leitor tomarem nas mãos esta biografia, descobrirão, eles também, que é impossível resistir à Madre Teresa.

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