domingo, 22 de maio de 2011

Bento XVI fala com os doze astronautas que se encontram na Estação Espacial Internacional.

Beatificação de Ir. Dulce dos Pobres.




Irmã Dulce foi beatificada neste domingo em Salvador em cerimônia que contou com a presença de cerca de 70 mil fiés. A partir de agora, ela é chamada de Bem-Aventurada Dulce dos Pobres.


Esta é a última etapa do processo que precede a canonização. O título de santa ocorrerá caso exista a comprovação de mais um milagre atribuído à beata.

O primeiro milagre foi reconhecido pelo Vaticano em outubro de 2010. A freira teria sido a causa da recuperação de uma mulher sergipana, que teve hemorragia pós-parto durante 28 horas e chegou a ser desenganada pela equipe médica.

O cardeal Dom Geraldo Magella, que representou o papa Bento 16, presidiu a cerimônia de beatificação e ratificou o exemplo deixado pela freira.

"Ela é o exemplo maior de segmento de Cristo. Não tive a oportunidade de conhecê-la pessoalmente, mas acompanhei sua história. Posso afirmar, sem dúvidas, que ela é a tradução da caridade e amor ao próximo," disse ele.

A beatificação foi confirmada após a leitura da carta do papa que inscreveu Irmã Dulce na relação de santos e beatos da Igreja Católica. O dia de celebração da beata será 13 de agosto.

Irmã Dulce morreu em março de 1992, aos 77 anos, após dedicar grande parte de sua vida ao atendimento à população carente de Salvador.

A presidente Dilma Rousseff acompanhou a cerimônia na capital baiana. Ela chegou acompanhada do governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), e sentou-se ao lado do presidente do Senado, José Sarney.

Também estiveram presentes os ministros Mário Negromonte (Cidades), Helena Chagas (Comunicação Social) e Afonso Florêncio (Desenvolvimento Agrário), além do ex-governador de São Paulo, José Serra (PSDB).

(Reportagem de Aline Rodrigues)

segunda-feira, 16 de maio de 2011



São Simão Stock – Religioso O.Carm

De nacionalidade inglesa, viveu no Século XIII e morreu em Bordéus, na França. É venerado na Ordem do Carmo pela sua grande Santidade e peculiar piedade para com a SS. Virgem. O seu culto, já praticado em alguns lugares no século XV, foi no século seguinte recebido liturgicamente em toda a Ordem. A sua festa celebra-se comumente no dia 16 de maio.

Oração:

Senhor, que chamaste são Simão para vos servir na Ordem dos Irmãos da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo, concedei-nos, por sua intercessão, que também nós vos sirvamos sempre e cooperemos na salvação de todos os homens. Por Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém  



Orãção de São Simão, dirigida a Virgem do Carmo.

Flos Carmeli                                    
Vitis florígera
Splendor coeli
Virgo puerpera
Singularis:
Mater mitis sed viri néscia
carmelítis da privilégia
Stela Maris

“Flor do Carmelo,
Videira florida,
Esplendor do Céu,
Virgem Mãe singular.
Mãe doce e benigna,
mas sempre Virgem,
aos carmelitas, sê tu propícia.
Estrela do mar."





domingo, 15 de maio de 2011

MENSAGEM DO PAPA BENTO XVI PARA O 48º DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES.



(15 DE MAIO DE 2011 - IV DOMINGO DE PÁSCOA)
Tema: «Propor as vocações na Igreja local»

Queridos irmãos e irmãs!
O 48.º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, que será celebrado no dia 15 de Maio de 2011, IV Domingo de Páscoa, convida-nos a reflectir sobre o tema: «Propor as vocações na Igreja local». Há sessenta anos, o Venerável Papa Pio XII instituiu a Pontifícia Obra para as Vocações Sacerdotais. Depois, em muitas dioceses, foram fundadas pelos Bispos obras semelhantes, animadas por sacerdotes e leigos, correspondendo ao convite do Bom Pastor, quando, «ao ver as multidões, encheu-Se de compaixão por elas, por andarem fatigadas e abatidas como ovelhas sem pastor» e disse: «A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao dono da messe que mande trabalhadores para a sua messe» (Mt 9, 36-38).
A arte de promover e cuidar das vocações encontra um luminoso ponto de referência nas páginas do Evangelho, onde Jesus chama os seus discípulos para O seguir e educa-os com amor e solicitude. Objecto particular da nossa atenção é o modo como Jesus chamou os seus mais íntimos colaboradores a anunciar o Reino de Deus (cf. Lc 10, 9). Para começar, vê-se claramente que o primeiro acto foi a oração por eles: antes de os chamar, Jesus passou a noite sozinho, em oração, à escuta da vontade do Pai (cf. Lc 6, 12), numa elevação interior acima das coisas de todos os dias. A vocação dos discípulos nasce, precisamente, no diálogo íntimo de Jesus com o Pai. As vocações ao ministério sacerdotal e à vida consagrada são fruto, primariamente, de um contacto constante com o Deus vivo e de uma oração insistente que se eleva ao «Dono da messe» quer nas comunidades paroquiais, quer nas famílias cristãs, quer nos cenáculos vocacionais.
O Senhor, no início da sua vida pública, chamou alguns pescadores, que estavam a trabalhar nas margens do lago da Galileia: «Vinde e segui-Me, e farei de vós pescadores de homens» (Mt 4, 19). Mostrou-lhes a sua missão messiânica com numerosos «sinais», que indicavam o seu amor pelos homens e o dom da misericórdia do Pai; educou-os com a palavra e com a vida, de modo a estarem prontos para ser os continuadores da sua obra de salvação; por fim, «sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar deste mundo para o Pai» (Jo 13, 1), confiou-lhes o memorial da sua morte e ressurreição e, antes de subir ao Céu, enviou-os por todo o mundo com este mandato: «Ide, pois, fazer discípulos de todas as nações» (Mt 28, 19).
A proposta, que Jesus faz às pessoas ao dizer-lhes «Segue-Me!», é exigente e exaltante: convida-as a entrar na sua amizade, a escutar de perto a sua Palavra e a viver com Ele; ensina-lhes a dedicação total a Deus e à propagação do seu Reino, segundo a lei do Evangelho: «Se o grão de trigo cair na terra e não morrer, fica só ele; mas, se morrer, dá muito fruto» (Jo 12, 24); convida-as a sair da sua vontade fechada, da sua ideia de auto-realização, para embrenhar-se noutra vontade, a de Deus, deixando-se guiar por ela; faz-lhes viver em fraternidade, que nasce desta disponibilidade total a Deus (cf. Mt 12, 49-50) e se torna o sinal distintivo da comunidade de Jesus: «O sinal por que todos vos hão-de reconhecer como meus discípulos é terdes amor uns aos outros» (Jo 13, 35).
Também hoje, o seguimento de Cristo é exigente; significa aprender a ter o olhar fixo em Jesus, a conhecê-Lo intimamente, a escutá-Lo na Palavra e a encontrá-Lo nos Sacramentos; significa aprender a conformar a própria vontade à d’Ele. Trata-se de uma verdadeira e própria escola de formação para quantos se preparam para o ministério sacerdotal e a vida consagrada, sob a orientação das autoridades eclesiásticas competentes. O Senhor não deixa de chamar, em todas as estações da vida, para partilhar a sua missão e servir a Igreja no ministério ordenado e na vida consagrada; e a Igreja «é chamada a proteger este dom, a estimá-lo e amá-lo: ela é responsável pelo nascimento e pela maturação das vocações sacerdotais» (João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodal Pastores dabo vobis, 41). Especialmente neste tempo, em que a voz do Senhor parece sufocada por «outras vozes» e a proposta de O seguir oferecendo a própria vida pode parecer demasiado difícil, cada comunidade cristã, cada fiel, deveria assumir, conscientemente, o compromisso de promover as vocações. É importante encorajar e apoiar aqueles que mostram claros sinais de vocação à vida sacerdotal e à consagração religiosa, de modo que sintam o entusiasmo da comunidade inteira quando dizem o seu «sim» a Deus e à Igreja. Da minha parte, sempre os encorajo como fiz quando escrevi aos que se decidiram entrar no Seminário: «Fizestes bem [em tomar essa decisão], porque os homens sempre terão necessidade de Deus – mesmo na época do predomínio da técnica no mundo e da globalização –, do Deus que Se mostrou a nós em Jesus Cristo e nos reúne na Igreja universal, para aprender, com Ele e por meio d’Ele, a verdadeira vida e manter presentes e tornar eficazes os critérios da verdadeira humanidade» (Carta aos Seminaristas, 18 de Outubro de 2010).
É preciso que cada Igreja local se torne cada vez mais sensível e atenta à pastoral vocacional, educando a nível familiar, paroquial e associativo, sobretudo os adolescentes e os jovens – como Jesus fez com os discípulos – para maturarem uma amizade genuína e afectuosa com o Senhor, cultivada na oração pessoal e litúrgica; para aprenderem a escuta atenta e frutuosa da Palavra de Deus, através de uma familiaridade crescente com as Sagradas Escrituras; para compreenderem que entrar na vontade de Deus não aniquila nem destrói a pessoa, mas permite descobrir e seguir a verdade mais profunda de si mesmos; para viverem a gratuidade e a fraternidade nas relações com os outros, porque só abrindo-se ao amor de Deus é que se encontra a verdadeira alegria e a plena realização das próprias aspirações. «Propor as vocações na Igreja local» significa ter a coragem de indicar, através de uma pastoral vocacional atenta e adequada, este caminho exigente do seguimento de Cristo, que, rico de sentido, é capaz de envolver toda a vida.
Dirijo-me particularmente a vós, queridos Irmãos no Episcopado. Para dar continuidade e difusão à vossa missão de salvação em Cristo, «promovam o mais possível as vocações sacerdotais e religiosas, e de modo particular as missionárias» (Decr. Christus Dominus, 15). O Senhor precisa da vossa colaboração, para que o seu chamamento possa chegar aos corações de quem Ele escolheu. Cuidadosamente escolhei os dinamizadores do Centro Diocesano de Vocações, instrumento precioso de promoção e organização da pastoral vocacional e da oração que a sustenta e garante a sua eficácia. Quero também recordar-vos, amados Irmãos Bispos, a solicitude da Igreja universal por uma distribuição equitativa dos sacerdotes no mundo. A vossa disponibilidade face a dioceses com escassez de vocações torna-se uma bênção de Deus para as vossas comunidades e constitui, para os fiéis, o testemunho de um serviço sacerdotal que se abre generosamente às necessidades da Igreja inteira.
O Concílio Vaticano II recordou, explicitamente, que o «dever de fomentar as vocações pertence a toda a comunidade cristã, que as deve promover sobretudo mediante uma vida plenamente cristã» (Decr. Optatam totius, 2). Por isso, desejo dirigir uma fraterna saudação de especial encorajamento a quantos colaboram de vários modos nas paróquias com os sacerdotes. Em particular, dirijo-me àqueles que podem oferecer a própria contribuição para a pastoral das vocações: os sacerdotes, as famílias, os catequistas, os animadores. Aos sacerdotes recomendo que sejam capazes de dar um testemunho de comunhão com o Bispo e com os outros irmãos no sacerdócio, para garantirem o húmus vital aos novos rebentos de vocações sacerdotais. Que as famílias sejam «animadas pelo espírito de fé, de caridade e piedade» (Ibid., 2), capazes de ajudar os filhos e as filhas a acolherem, com generosidade, o chamamento ao sacerdócio e à vida consagrada. Convictos da sua missão educativa, os catequistas e os animadores das associações católicas e dos movimentos eclesiais «de tal forma procurem cultivar o espírito dos adolescentes a si confiados, que eles possam sentir e seguir de bom grado a vocação divina» (Ibid., 2).
Queridos irmãos e irmãs, o vosso empenho na promoção e cuidado das vocações adquire plenitude de sentido e de eficácia pastoral, quando se realiza na unidade da Igreja e visa servir a comunhão. É por isso que todos os momentos da vida da comunidade eclesial – a catequese, os encontros de formação, a oração litúrgica, as peregrinações aos santuários – são uma ocasião preciosa para suscitar no Povo de Deus, em particular nos mais pequenos e nos jovens, o sentido de pertença à Igreja e a responsabilidade em responder, com uma opção livre e consciente, ao chamamento para o sacerdócio e a vida consagrada.
A capacidade de cultivar as vocações é sinal característico da vitalidade de uma Igreja local. Invoquemos, com confiança e insistência, a ajuda da Virgem Maria, para que, seguindo o seu exemplo de acolhimento do plano divino da salvação e com a sua eficaz intercessão, se possa difundir no âmbito de cada comunidade a disponibilidade para dizer «sim» ao Senhor, que não cessa de chamar novos trabalhadores para a sua messe. Com estes votos, de coração concedo a todos a minha Bênção Apostólica.
Vaticano, 15 de Novembro de 2010.

PAPA BENTO XVI

domingo, 1 de maio de 2011

O Beato Papa João Paulo II
e o Escapulário do Carmo


É com alegria que se nota, entre os católicos, um grande aumento da devoção a Maria, a ponto de importantes órgãos de imprensa noticiarem o fato com destaque. Uma das práticas marianas mais divulgadas é a do uso do escapulário do Carmo, também conhecido mais correntemente no Brasil como “bentinho”.


É freqüente até ver jovens usando o escapulário ao pescoço. Todos têm uma vaga noção de que Maria protege, de forma especial, aqueles que o portam. Mas conhecerão, também, o profundo e belo significado do escapulário do Carmo?
Numa carta aos Superiores da ordem do Carmo, Beato João Paulo II, que também usa o escapulário, explica admiravelmente o simbolismo desta importante devoção mariana, que nossa Campanha também divulga:

“No símbolo do Escapulário - afirma Beato João Paulo II - se evidencia uma síntese eficaz de espiritualidade mariana, que aumenta a devoção dos fiéis, tornando-lhes sensível a presença amorosa da Virgem Mãe em suas vidas. O escapulário é, essencialmente, um "hábito".
Quem o recebe fica agregado ou associado, num grau mais ou menos íntimo, à Ordem o Carmo, dedicada ao serviço da Virgem Maria, para o bem de toda a Igreja.

Quem veste o Escapulário é, portanto, introduzido na terra do Carmelo, para que "coma de seus frutos e bens" (cf. Jer 2,7), e experimente a presença doce e materna de Maria, no compromisso cotidiano de se revestir interiormente de Jesus Cristo, e de o manifestar vivo, em si próprio, para o bem da Igreja e de toda a humanidade.

Duas são, portanto, as verdades evocadas no símbolo do Escapulário: de um lado a proteção contínua da Santíssima Virgem, não só ao longo do caminho da vida, mas também no momento da passagem para a plenitude da glória eterna; de outro lado, consciência de que a devoção a Ela não pode se limitar a orações e obséquios em sua honra em algumas circunstâncias, mas que deve constituir um “hábito”.

Isto quer dizer: uma textura permanente da própria conduta cristã, tecida de oração e de vida interior, mediante a prática freqüente aos Sacramentos e o exercício concreto das obras de misericórdia espirituais e corporais.

Deste modo, o Escapulário se converte em símbolo de “aliança” e de comunhão recíproca entre Maria e os fiéis: de fato, traduz de modo concreto a entrega que Jesus, do alto da cruz, fez a João, e nele a todos nós, de sua Mãe; e a entrega do apóstolo predileto e de nós a Ela, constituída como Mãe espiritual.

“Também eu levo sobre meu coração, há tanto tempo, o Escapulário do Carmo. Pelo amor que tenho à celestial Mãe, cuja proteção experimento continuamente, auguro que este ano mariano ajude a todos os religiosos e religiosas do Carmelo, e a todos os piedosos fiéis que a veneram filialmente, para crescer no seu amor e irradiar no mundo a presença desta Mulher do silêncio e da oração, invocada como Mãe da misericórdia, Mãe da esperança e  Mãe da graça.”



Carta do Papa João Paulo II Sobre o Escapulário

Ninguém desconhece o grande amor de Beato João Paulo II para com Nossa Senhora. No caso de Nossa Senhora do Carmo, como já havia feito anteriormente, ele reafirmava que, desde a infância, usava o escapulário. Essa confissão, esse testemunho de um Papa, nos faz perceber como este “Sacramental”, este sinal visível de amor a Maria, é muito estimado pela Igreja e pode ser um meio de forte evangelização. Não podemos deixar de lado os sinais exteriores, pois fazem parte do patrimônio de nossa fé.

A carta do Papa é riquíssima e vale a pena lê-la, atento aos seguintes pontos:

            1) não faz nenhuma referência ao privilégio sabatino;
            2) apresenta o escapulário como patrimônio de toda a Igreja;
            3) sinal de amor a Maria;
            4) chamados a viver suas virtudes;
            5) duas vertentes de espiritualidade;
            6) o Papa mesmo o usava.



750 anos do Santo Escapulário

Carta: Aos Reverendíssimos Padres: Joseph Chalmers (Prior Geral da Ordem dos Irmãos da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo - O. Carm.) e Camilo Maccise (Prepósito-Geral da Ordem dos Irmãos Descalços da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo  (O.C.D.).

O providencial evento da graça, que foi para a Igreja o ano Jubilar, a induz a olhar com fé e esperança o caminho apenas iniciado do novo milênio. “Nosso caminhar, no principio deste novo século – escrevi na carta apostólica Novo Millennio ineunte – deve fazer-se mais rápido... Acompanha-nos neste caminho a   Santíssima Virgem, à qual... confiei o terceiro milênio” (n.58).

Com profundo gozo soube portanto que a Ordem do Carmo, em seus dois ramos, antiga e reformada, quer expressar seu próprio amor filial para com sua Patrona, dedicando o ano de 2001 a Ela, invocada como Flor do Carmelo, Mãe e Guia no caminho da santidade. A este respeito, não posso deixar de sublinhar uma feliz coincidência: a celebração deste Ano Mariano para todo o Carmelo acontece, segundo nos transmite uma venerável tradição da mesma Ordem, no 750º aniversário da entrega do Escapulário.

É conseqüentemente uma celebração que constitui para toda a Família Carmelitana uma maravilhosa ocasião para aprofundar-se não só em sua espiritualidade mariana, mas para vivê-la cada vez mais, à luz do posto que a Virgem Mãe de Deus e dos homens ocupa no mistério de Cristo e da Igreja e, portanto, para seguir a Ela que é a “Estrela da evangelização” cf. Novo Millennio ineunte, n.58).

As distintas  gerações do Carmelo, desde as origens até hoje, em seu itinerário até a “santa montanha, Jesus Cristo Nosso Senhor” (Missal Romano, coleta da Missa em honra da B.A.V. Maria do Monte Carmelo, 16 de julho), trataram de plasmar a própria vida sobre o exemplo de Maria.

Por isso no Carmelo, e em toda alma movida por um terno afeto até a Virgem e Mãe Santíssima, floresce a contemplação da que, desde o princípio, soube estar aberta à escuta da Palavra de Deus, e obediente à sua vontade (Lc 2,19.51). Maria, de fato, educada e plasmada pelo Espírito (cf. Lc 2,44-50), foi capaz de ler na fé sua própria história (cf. Lc 1,46-55) e, dócil à inspiração divina, “avançou na peregrinação da fé e manteve fielmente sua união com o Filho até a cruz, junto à qual, não sem um desígnio divino, se manteve erguida (cf. Jo 19,25), sofrendo profundamente com seu Unigênito e associando-se com entranhas de mãe a seu sacrifício” (Lúmen gentium, 58).

 A contemplação da Virgem é apresentada enquanto, como Mãe primorosa, vê crescer seu Filho em Nazaré (cf. Lc 2,40-52), segue-lhe pelos caminhos da Palestina, assiste-o nas bodas de Caná (cf. Jo 2,5) e, aos pés da Cruz, se converte na Mãe associada a seu oferecimento, doando-se a todos os homens na entrega que o mesmo Jesus faz dela a seu discípulo predileto (cf. Jo 19,26). Como Mãe da Igreja, a Virgem Santa está unida aos discípulos “em contínua oração” (At 1,14) e, como Mulher nova, antecipa em si o que realizará um dia em todos nós, com a plena fruição da vida trinitária é elevada ao Céu, de onde  estende o manto de proteção de sua misericórdia  sobre os filhos que peregrinam até o monte santo da glória. Tal atitude contemplativa da mente e do coração leva a admirar a experiência de fé e de amor da Virgem, que já vive em si  o que todo fiel deseja e espera realizar no mistério de Cristão e da Igreja (cf. Sacrosanctum Concilium, 103; Lumen gentium, 53). Justamente por isto, os carmelitas e as carmelitas elegeram Maria como sua Patrona e Mãe espiritual e a têm sempre ante os olhos do coração, a Virgem Puríssima que guia todos ao perfeito conhecimento e imitação de Cristo.

Floresce assim uma intimidade de relações espirituais que incrementam cada vez mais a comunhão com Cristo e com Maria. Para os membros da Família Carmelitana, Maria, a Virgem Mãe de Deus e dos homens, não é somente um modelo para imitar, mas também uma doce presença de Mãe e Irmã na qual confiar. Com acerto, santa Teresa de Jesus exortava: “Imitai a Maria e considerai que tal deve ser a grandeza desta Senhora e o bem de tê-la por Patrona” (Castelo interior,III,I,3).

Esta intensiva vida Mariana, que se expressa em oração confiada, em entusiasmado elogio e diligente imitação, conduz a compreender como a forma mais genuína da devoção à Virgem Santíssima, expressa pelo humilde sinal do Escapulário, é a consagração ao seu Coração Imaculado (cf. Pio XII, Carta Neminem profecto latet [11 de fevereiro de 1950: AAS 42, 1950, pp. 390-391]; Const.Dogm. Sobre a Igreja Lúmen Gentium, 67). Desse modo, no coração se realiza uma crescente comunhão e familiaridade com a Virgem Santa, “como nova maneira de viver para Deus e de continuar aqui na terra o amor do Filho Jesus à sua mãe Maria” (cf. Discurso do Ângelus, em Insegnamenti XI/3, 1988, p. 173). Se nos põe assim, segundo a expressão do Beato mártir carmelita Tito Brandsma, em profunda sintonia com Maria, a Theotokos, convertendo-nos como Ela em transmissores da vida divina: “Também a nós nos manda o Senhor seu anjo... também nós devemos receber a Deus em nossos corações, levá-lo crescer em nós de modo tal que ele nasça de nós e viva conosco como o Deus-conosco, o Emanuel” (Da relação do B. Tito Brandsma ao Congresso Mariológico de Tongerloo, agosto, 1936).

No sinal do Escapulário se evidencia uma síntese eficaz de espiritualidade mariana que alimenta a devoção dos crentes, fazendo-lhes sensíveis à presença amorosa da Virgem Maria em suas vidas. O Escapulário é essencialmente um “hábito”. Quem o recebe é agregado ou associado em um grau mais ou menos íntimo à Ordem do Carmelo, dedicada ao serviço da Virgem para o bem de toda a Igreja (cf. Fórmula da imposição do Escapulário, no “Rito da Bênção e imposição do Escapulário”, aprovado pela Congregação para o Culto divino e a disciplina dos Sacramentos, 5/1/1996).

Quem veste o Escapulário é, portanto, introduzido na terra do Carmelo, para que “coma de seus frutos e bens” (cf.Jr 2,7), e experimenta a presença doce e materna de Maria, no compromisso cotidiano de revestir-se interiormente de Jesus Cristo e de manifestá-lo vivo em si para o bem da Igreja e de toda a humanidade (cf. Fórmula da imposição do Escapulário, cit.).

Duas, portanto, são as verdades evocadas no sinal do Escapulário: por uma parte, a proteção contínua da Virgem Santíssima, não só ao longo do caminho da vida, mas também no momento da transição até a plenitude da glória eterna; por outra, a consciência de que a devoção a ela não pode limitar-se a orações e obséquios em sua honra em algumas circunstâncias, mas deve constituir um “hábito”, como  que um tecer permanente da própria conduta cristã, entrelaçada de oração e de vida interior, mediante a freqüente prática dos Sacramentos e o concreto exercício das obras de misericórdia espiritual e corporal.

Deste modo o Escapulário se converte em sinal de “aliança” e de comunhão recíproca entre Maria e os fiéis: de fato, traduz de maneira concreta a entrega que Jesus, desde a cruz, fez a João, e nele a todos nós, de sua mãe, e a entrega do apóstolo predileto e de nós a Ela, constituída como nossa Mãe espiritual.

Desta espiritualidade mariana, que plasma interiormente as pessoas e lhes configura a Cristo, primogênito entre muitos irmãos, são um esplêndido exemplo os testemunhos de santidade e de  sabedoria de tantos Santos e Santas do Carmelo, todos eles crescidos à sombra e sob a tutela da Mãe.

Também eu levo sobre meu coração, desde há  tanto tempo, o Escapulário do Carmo! Pelo amor que nutro para com a celeste Mãe comum, cuja proteção experimento continuamente, auguro que este ano mariano ajude a todos os religiosos e religiosas do Carmelo, e aos piedosos fiéis que a veneram fielmente, a crescer em seu amor e irradiar no mundo a presença desta Mulher do silêncio e da oração, invocada como Mãe da misericórdia, Mãe da esperança e da graça.

Com estes augúrios, distribuo com gosto a Benção Apostólica a todos os frades, monjas, irmãos leigos e leigas da Família Carmelitana, que tanto se esforçam por difundir entre o povo de Deus a verdadeira devoção a Maria, Estrela do Mar e Flor do Carmelo!

Vaticano, 25 de março de 2001.

João Paulo II



Todo de Maria

Pergunta: Numa perspectiva cristã, falar de maternidade leva espontaneamente a falar da Mãe por excelência, a de Jesus. Totus Tuus, Todo de Maria, é o lema escolhido pelo seu Pontificado. O relançamento da teologia e da devoção marianas – de resto, em fiel continuidade com a ininterrupta tradição católica – é um outro caráter distintivo do ensinamento e da ação do Beato João Paulo II. Por outro lado, hoje se multiplicam vozes e notícias de aparições misteriosas e mensagens da Virgem; multidões de peregrinos põem-se de novo a caminho, como em outros séculos. Santidade, o que pode dizer-nos a respeito?

Resposta: Totus Tuus. Esta fórmula não tem apenas um caráter pietista, não é uma simples expressão de devoção: é algo mais. A orientação para semelhante devoção se afirmou em mim no período em que, durante a Segunda Guerra Mundial, trabalhava como operário numa fábrica. Num primeiro momento, achei que devia afastar-me da devoção Mariana da infância, em favor do cristocentrismo. Graças a São Luiz Grignon de Montfort, compreendi que a verdadeira devoção à Mãe de Deus é, ao contrário, cristocêntrica; aliás, é radicada muito profundamente no Mistério trinitário de Deus, e nos referentes  à Encarnação e à Redenção.

Desse modo, portanto, redescobri com consciência a nova piedade Mariana, e esta forma madura de devoção à Mãe de Deus me acompanhou ao longo dos anos: seus frutos são a Redemptoris Mater e a Mulieris dignitatem.

No que diz respeito à devoção Mariana, cada um de nós deve ter claro que não se trata só de uma necessidade do coração, de uma inclinação sentimental, mas que corresponde também à verdade objetiva sobre a Mãe de Deus. Maria é a nova Eva, que Deus põe diante do novo Adão-Cristo, a começar pela Anunciação, através da noite do nascimento em Belém, o convite nupcial em Caná da Galiléia, a cruz sobre o Gólgota, até o cenáculo do Pentecostes, a Mãe de Cristo Redentor é a Mãe da Igreja.

O Concílio Vaticano II dá um passo de gigante tanto na doutrina quanto na devoção marianas. Não é possível agora reproduzir todo o maravilhoso capítulo VII da Lumen gentium, mas precisaria fazê-lo.  Quando participei do Concílio, reconheci-me totalmente neste capítulo, onde encontrei todas as minhas experiências anteriores, desde os anos da adolescência, bem como aquela peculiar ligação que me une à Mãe de Deus em formas sempre novas.

A primeira forma, a mais antiga, relaciona-se com os momentos de pausa, na infância, diante da imagem de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, na igreja paroquial de Wadowice, e está ligada à tradição do escapulário carmelita, particularmente eloqüente e rica de simbolismo, que conheci desde a juventude, através do convento dos carmelitas  “sobre a colina”, em minha cidade natal. Está ligada, além disso, à tradição dos peregrinos ao  santuário de Kalwaria Zebrzydowska, um daqueles lugares que atraem multidões de peregrinos, de modo especial do Sul da Polônia e de além dos Cárpatos. Este santuário regional tem uma peculiaridade de ser não só mariano, mas também profundamente cristocêntrico. E os romeiros que lá chegam, durante sua estada junto ao santuário de Kalwaria, percorrem antes de tudo as “veredas”, que são uma Via crucis, em que o ser humano encontra o próprio lugar  perto de Cristo através de Maria. A Crucificação é também o ponto topograficamente mais alto, que domina todos os arredores do santuário. A solene procissão mariana que lá se realiza antes da festa da Assunção, nada mais é do que a expressão da fé do povo cristão na participação particular da Mãe de Deus na ressurreição e na glória do próprio Filho.

Desde os primeiríssimos anos, minha devoção Mariana relacionava-se estreitamente à dimensão cristológica. O que me conduzia nesta direção era precisamente o santuário de Kalwaria.

Um capítulo à parte é Jasna Góra, com seu ícone de Nossa Senhora Preta. A Virgem de Jasna Góra há séculos é venerada como Rainha da Polônia. Este é o santuário de toda a nação. Junto de sua Senhora  e Rainha, a nação polonesa durante séculos procurou, e continua procurando, sustentação e força para o renascimento espiritual. Jasna Gora é o lugar de uma particular evangelização. Os grandes eventos da vida da Polônia são sempre de algum modo ligados a este lugar: tanto a história antiga da minha nação, quanto a contemporânea, encontram o ponto de sua mais intensa concentração exatamente lá, na colina de Jasna Gora.   

Tudo o que disse, acredito que explique suficientemente a devoção Mariana do Papa atual e, sobretudo, sua atitude de total entrega a Maria, aquele Totus Tuus.

No que se refere, pois, àquelas “aparições”, àquelas “mensagens” a que aludi,  proponho-me a dizer alguma coisa mais adiante nesta nossa conversação.


Texto extraído do livro "Cruzando o Limiar da Esperança".
Pelo Beato João Paulo II

No dia 30/04/2011, nós do Postulantado Tito Brandsma, nos reunimos no Mosteiro Monte Carmelo para estarmos fazendo a apresentação de três santos Carmelitas, são eles:

SANTA EDITH STEIN: Apresentada pelo Postulante Rodrigo Edimim da Silva;


SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS: Apresentada pelo Postulante Thiago Vilela da Silva;



BEATO TITO BRANDSMA: Apresentado pelo Postulante Edenilson Reis de França.

 

O evento contou com a presença dos Leigos Carmelitas, das Irmãs da Divina Providência, Frades Carmelitas e paroquianos da Paróquia Profeta Elias.