sábado, 25 de fevereiro de 2012



A BELEZA DO CARMELO
BEATO TITO BRANDSMA O.CARM
No Espírito e na força de Elias
A espiritualidade Carmelitana concebe a vida espiritual como algo orgânico que cresce. Neste ponto a vida do profeta dá-nos outra lição notável. A vida espiritual, do mesmo modo que a vida natural pede alimento. A Sagrada Escritura narra que Elias, robustecido pelo alimento que o Anjo lhe ministrou, andou quarenta dias e quarenta noites até o monte Horeb, onde lhe foi dado contemplar a Deus. A vida espiritual e a vida mística anseiam pelo santo alimento que Deus nos dá no Santíssimo Sacramento da Eucaristia.
            Na escola do Carmelo a vida contemplativa e mística é fruto da vida eucarística. A vida de Elias apresenta um dos mais típicos símbolos, prefigurativos do Santíssimo Sacramento do altar, fonte da nossa vida oração. O pão milagroso que o Anjo lhe deu é uma imagem perfeita do alimento eucarístico por cuja força percorremos a jornada da vida terena.
            O culto especial da Eucaristia não é exclusivo da Ordem do Carmo. Contudo, é lícito afirmar que tem sido sempre uma parte importante da tradição carmelita. Os nossos conventos foram em muitas ocasiões verdadeiros centros de culto eucarístico. Santa Maria Madalena de Pazzi sentiu-se atraída para o Carmelo de Florença porque as religiosas deste mosteiro recebiam diariamente a Sagrada Comunhão, costume pouco comum naquele tempo. Para Santa Teresa não havia maior alegria do que a abertura de uma nova igreja ou capela, novas moradas para o Senhor. A Regra do Carmo prescreve que todos os membros da Comunidade Carmelita assistam diariamente a Santa Missa e que a capela esteja no centro do claustro, facilmente acessível a qualquer hora do dia, e que as Horas Canônicas sejam rezadas na presença do Santíssimo Sacramento.
            Por ser uma Ordem mendicante, a arquitetura das igrejas e conventos costuma ser simples, mas a pobreza não se estende a ornamentação das igrejas e dos altares, Nisto nota-se uma divergência acentuada dos costumes de outras Ordens mendicantes, por exemplo, os Capuchinhos, em que a pobreza atinge o próprio santuário.
            Eis em breves traços a tradição eucarística do Carmelo. Com Elias caminhamos pela força do pão divino. Já que na oração nos achegamos a vida divina, lembremos continuamente o mandamento do Salvador “Se não comerdes a Carne do Filho do Homem e não beberdes o Seu Sangue, não tereis a vida em vós”. Da mesma maneira que a comunhão de Elias no pão milagroso do deserto o conduziu na sua caminhada até a contemplação de Deus no Horeb, assim também a  Eucaristia deve conduzir-nos a contemplação da Sua Santa Face. Nas cavernas de Horeb Deus falou ao Profeta no murmúrio da brisa ligeira. O Senhor não estava na tempestade nem no terremoto, mas na leve aragem. É desta maneira que na Comunhão havemos de contemplá-la sob as espécies eucarísticas e nas profundezas de nosso espírito, pois Deus passa aí.

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