
Jornal do Brasil:
Crítica | Homens e deuses | Relato de um massacre
Myrna Silveira Brandão
Embora com forte cunho político, Homens e deuses, de Xavier Beauvois, guarda seu foco mais agudo para um drama humano. A história é inspirada no massacre de monges católicos em Tibhirine, na Argélia, em 1996, supostamente por terroristas islâmicos, recriando o que teriam sido os últimos meses de vida dos religiosos, que prestavam socorro espiritual e médico à comunidade que existia em torno de um mosteiro. Protagonizado por Lambert Wilson e Michael Lonsdale, o filme detalha o cotidiano dos monges e o sentimento de angústia crescente que vai tomando conta dos religiosos à medida que os extremistas e o exército argelino se enfrentam.
Alguns monges querem abandonar o monastério, mas o Prior Christian de Chergé – que foi um dos mártires do massacre – pede que eles reflitam, destacando a importância de que a decisão seja coletiva. Uma cena extraordinária, com a câmera fechada no rosto de velhos atores, faz uma alusão ao quadro A última ceia, ao som de O lago dos cisnes, de Tchaikovsky
Folha:
“Homens e Deuses”: discute política e religião em país árabe
Longa-metragem premiado no Festival de Cannes
Tatianna Babadobulos
Em primeiro lugar na bilheteria mundial, a animação “Rio”, que estreou na semana passada, tomou conta das salas de cinema do país. Ao todo, foram mil cópias. Já sabendo do efeito que o longa-metragem do brasileiro Carlos Saldanha teria (mais de 1,1 milhão de pessoas assistiram ao filme no cinema nos três primeiros dias), foram apenas quatro estreias no dia 8.
Nesta sexta-feira, 15, o quadro não muda muito. Serão cinco estreias ao todo: o nacional “Amor?”, o documentário francês “Bebês”, a ficção científica “Eu Sou o Número Quatro”, o terror “Pânico 4” e o aguardado “Homens e Deuses”, produção francesa, vencedora do Grand Prix do Festival de Cannes, no ano passado. O mesmo festival, aliás, que premiou “O Profeta”, em 2009, e “Gomorra”, em 2008.
A trama de “Homens e Deuses” (“Des Hommes et des Dieux”), que tem direção de Xavier Beauvois e roteiro a quatro mãos escrito juntamente Etienne Comar, é baseada na história real dos monges franceses que faziam trabalho missionário na Argélia, país árabe e ex-colônia da França.
Em uma época na qual a igreja pouca influência tem sobre as pessoas, principalmente longe dos domínios do cristianismo, o longa-metragem discute problema político que se passa no final dos anos 1990 e usa os diálogos para mostrar o que acontece por ali. Nas imagens, as matanças são momentos bastante duros.
Mesmo que tenham poucas influências no mundo atual, os monges fazem visitas em toda a comunidade onde atuam e também prestam serviços médicos. E, para combater o mal, rezam e cantam. A música dos monges, aliás, é a única que compõe a trilha sonora da fita que tem duração de 122 minutos. Talvez isso possa ser um pouco cansativo para quem está acostumado com os filmes barulhentos exibidos no cinema, principalmente de produção norte-americana.
“Homens e Deuses” é intimista no olhar do diretor e na medida que insere o espectador na trama, mas também mostra os sequestros e os assassinatos, além do confronto entre o governo e os extremistas que queriam tomar o poder.
“Homens e Deuses” é intimista no olhar do diretor e na medida que insere o espectador na trama, mas também mostra os sequestros e os assassinatos, além do confronto entre o governo e os extremistas que queriam tomar o poder.
Liderados por Christian (Lambert Wilson), os monges Luc (Michael Lonsdale), Christophe (Olivier Rabourdin), Celéstin (Philippe Laudenbach), Amédée (Jacques Herlin), Jean-Pierre (Loïc Pichon), Paul (Jean-Marie Frin ), Bruno (Olivier Perrier) e Michel (Xavier Maly) decidem, em meio ao conflito, se voltam para a França ou continuam prestando o serviço ao qual se propuseram, mesmo sabendo que são alvo dos terroristas, principalmente por aqueles que invadem o mosteiro a fim de roubar remédio.
“Homens e Deuses” mostra a mistura de fatos e atos praticados pelos homens que são contra as leis de Deus mas, ao mesmo tempo, o que podem os monges fazer senão cuidar da comunidade onde vivem e enfrentar o mal?
Ao final, o destino de cada um deles é revelado. Triste demais, mas um belíssimo filme, capaz de fazer o espectador refletir e situá-lo nos dias atuais. Que dias!
Ao final, o destino de cada um deles é revelado. Triste demais, mas um belíssimo filme, capaz de fazer o espectador refletir e situá-lo nos dias atuais. Que dias!
BR Press:
No drama Homens e Deuses (Des Hommes et des Dieux, França, 2010), que estreia em SP e Rio nesta sexta (15/04) sete monges franceses vivem num mosteiro, localizado na montanha de Maghreb, na Argélia. Os cristãos dedicam seu tempo prestando cuidados ao povoado muçulmano, religião majoritária no país.
O ano é 1996 e os ataques terroristas se intensificam na região. Um dos monges cita um trecho do Alcorão: “Se você mata seu irmão, você vai para inferno”. Mas para os extremistas, isso não vale nada.
Ameaçados, os monges têm como saída, a proteção militar. Christian (Lambert Wilson, de Matrix Revolutions, 2003), líder dos monges, teme a ajuda dos militares. Para ele, essa proteção vem de um governo corrupto e isso pode reverter em sofrimento ao povo do vilarejo – algo que ele não deseja de modo algum.
Dura decisão
É necessário que os monges tomem uma decisão. Eles realizam várias reuniões e votações. As opções são: partir para outro local da África, negociar com os extremistas ou permanecer no mosteiro. Se escolherem a terceira alternativa, a vida deles corre risco. Uns querem ir embora. Outros acreditam que partir significa fugir e deixar o vilarejo para os terroristas.
Vale lembrar que Homens e Deuses é baseado na história real da aflição vivida por sete monges. Com muita delicadeza, a produção também toma uma decisão: de mostrar o que acontece antes do fato amplamente noticiadado – o sequestro dos monges por extremistas
O ano é 1996 e os ataques terroristas se intensificam na região. Um dos monges cita um trecho do Alcorão: “Se você mata seu irmão, você vai para inferno”. Mas para os extremistas, isso não vale nada.
Ameaçados, os monges têm como saída, a proteção militar. Christian (Lambert Wilson, de Matrix Revolutions, 2003), líder dos monges, teme a ajuda dos militares. Para ele, essa proteção vem de um governo corrupto e isso pode reverter em sofrimento ao povo do vilarejo – algo que ele não deseja de modo algum.
Dura decisão
É necessário que os monges tomem uma decisão. Eles realizam várias reuniões e votações. As opções são: partir para outro local da África, negociar com os extremistas ou permanecer no mosteiro. Se escolherem a terceira alternativa, a vida deles corre risco. Uns querem ir embora. Outros acreditam que partir significa fugir e deixar o vilarejo para os terroristas.
Vale lembrar que Homens e Deuses é baseado na história real da aflição vivida por sete monges. Com muita delicadeza, a produção também toma uma decisão: de mostrar o que acontece antes do fato amplamente noticiadado – o sequestro dos monges por extremistas
'Homens e Deuses' tem pré-estreia em São Paulo
Filme conta história de comunidade de monges TrapistasSÃO PAULO, sexta-feira, 15 de abril de 2011 - Com a sala do Reserva Cultural lotada, aconteceu nessa terça-feira (12), em São Paulo, a pré-estréia do filme "Homens e Deuses", do diretor Xavier Beauvois. O longa, vencedor do Grande Prêmio do Júri do Festival de Cannes, conta a história real da comunidade de monges Trapistas Franceses assinados em Thibirine, na Argélia, no ano de 1996.
Na ocasião, o diretor da distribuidora Imovision - Jean Thomas Bernardini, e Laure Bacque - diretora do Reserva Cultural, agradeceram o apoio da CNBB, na pessoa de Dom Orani João Tempesta - presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura, Educação e Comunicação Social; da Arquidiocese de São Paulo, entre outros.
O monge trapista Bernardo Bonowitz, da abadia Nossa Senhora do Novo Mundo, em Campo do Tenente (Paraná), prestigiou o evento juntamente com Dom Luis Alberto, da Abadia Nossa Senhora de Hardehausen, em Itatinga (São Paulo), e Dom Matthias Tolentino Braga, do Mosteiro de São Bento de São Paulo.
Pouco antes da exibição, Dom Bernardo conversou com a platéia e contou um pouco da história desta Ordem Religiosa a que ele também pertence, e da trajetória daquela comunidade que tinha profundo respeito com o povo daquele vilarejo.
Mostrando-se muito satisfeito com a obra cinematográfica, ele disse que “assistir à adaptação para o cinema e a história desses monges, que tinham apenas Jesus e o Evangelho no meio deles, é uma grande aventura espiritual e humana. Com certeza o filme será uma mensagem de paz entre cristãos e muçulmanos".
A estréia do filme acontece hoje (15), nos cinemas brasileiros. Em São Paulo, ocorrem sessões nos cinemas: Cine Livraria Cultura; Reserva Cultural; Espaço Unibanco - Augusta; Cine Lumière e Espaço Unibanco - Shopping Bourbon.
Treiler oficial do filme:
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